sábado, 17 de setembro de 2011

A ressurgência costeira

A RESSURGÊNCIA COSTEIRA


Em muitas regiões costeiras do planeta, a associação entre o efeito de rotação da terra (efeito de Coriolis) e o atrito dos ventos na superfície do mar empurra as águas costeiras de superfície para longe da costa, gerando movimentos ascendentes de massas d’água profundas (até 350 m), ricas em nutrientes. Ao atingir a camada eufótica, essas águas promovem desenvolvimento acelerado do fitoplâncton e, conseqüentemente, aumento importante da produção primária, cujos efeitos podem ser observados ao longo de toda a cadeia trófica marinha. Esse fenômeno, denominado de ressurgência costeira, ocorre com mais intensidade ao longo da borda oeste dos continentes, entre 10º e 30º de latitude, que se situam entre as regiões mais produtivas do planeta. Esse é o caso da área de atuação das correntes do Peru e da Califórnia, no Pacífico, e das Canárias e de Behguela, no Atlântico. Não é, portanto, por acaso, que o Peru encontra-se em 2º lugar no ranking mundial de produção de pescados por captura, com produção de cerca de 9 milhões de toneladas, em
2002, ficando atrás apenas da China.
Embora possam ocorrer na costa leste dos continentes, os fenômenos de ressurgên- cia costeira aí observados são de menor intensidade e abrangência geográfica. Na costa brasileira, por exemplo, o único processo de ressurgência bem conhecido é o da região de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, onde ocorrem concentrações importantes de pequenos peixes pelágicos, como a sardinha, as quais são as presas preferenciais do bonito listrado, espécie de atum também abundante na região.
Entretanto, mesmo que alguns processos de ressurgência de quebra da plataforma, menos importantes e intermitentes, promovam o soerguimento de águas profundas em alguns trechos ao longo de nossa costa, em decorrência das condições oceanográficas prevalecentes, o mar brasileiro é considerado oligotrófico e, assim, relativamente bem mais pobre se comparado às regiões de ressurgência costeira, acima mencionadas. Essa é uma das principais razões para o Brasil ter ocupado a 25a posição entre os países produtores de pescado no mundo, em 2002, com uma captura de cerca de 800 mil
toneladas, considerando-se a produção de águas continentais e marinhas juntas.

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